A Casa e o Tesouro
Os
dois irmãos sabiam que há muito a casa estava abandonada.E olhavam-na, de
longe, com encanto.
- Maria! Se lá estivesse um tesouro...?
- Um tesouro...?! Tu disseste um tesouro...Joaquim!
- Ouvi dizer que naquela casa havia um
tesouro escondido...
Perto
daquela casa havia um pinhal verde e húmido que, ao final do dia, com o cair da
noite, se tornava sombrio e um pouco assustador.
Joaquim e Maria costumavam passear e brincar
junto a uma árvore todos os dias no final das aulas. Aí ficavam, sentados no
tronco, a realizar os trabalhos de casa e, no fim, brincavam por ali. Por entre
as brincadeiras olhavam para aquela casa e não escondiam a curiosidade que ela
lhes despertava. Mas, no final do dia, regressavam a casa, pois o anoitecer
trazia consigo o medo e o receio de permanecer naquele local.
Naquele dia, o Joaquim estava com vontade de
ir à casa abandonada e insistiu:
-
Vamos até lá?
-
Não será perigoso, Joaquim? – perguntou a Maria.
-Não! Vai ser divertido! – respondeu
prontamente o Joaquim.
-Hoje
não! Está a escurecer e tenho medo de ir lá agora. – retorquiu a Maria.
- Então, vamos lá no fim de semana.
Combinado? – acrescentou imediatamente o Joaquim.
Maria
aceitou, então, a proposta do seu irmão:
- Sim,
combinado.
Na véspera do fim de semana, o Joaquim,
empolgado com a aventura, preparou a mochila com aquilo que considerava
necessário: uma lanterna, uma corda, um pequeno lanche, um agasalho, uma lupa e
um telemóvel.
Na manhã de sábado,
acordaram os dois bem cedo. Maria viu que já estava tudo preparado para a
visita à casa misteriosa, pois o Joaquim já tinha tratado de tudo.
- Bom dia, Maria! Estás
preparada para ir descobrir o que esconde aquela casa misteriosa? – perguntou entusiasmado o Joaquim.
- Bom dia, Joaquim! Estou nervosa e um pouco assustada!- respondeu a
Maria.
- Não tenhas medo! Eu estou contigo e, se acontecer alguma coisa, nós
temos o que necessitamos. Pensei em tudo! Vá, vai-te vestir para tomarmos o
pequeno-almoço e irmos.
E
assim foi. Tomaram o pequeno-almoço e lá partiram juntos em direção à casa abandonada.
Durante
o percurso, mal trocaram algumas palavras. A Maria, apreensiva e com o coração
a bater a mil à hora e o Joaquim, aparentemente corajoso, tinham receio do que
se passaria naquela grande mansão misteriosa.
Enfim,
aí estava a casa. Aproximaram-se da porta e o Joaquim, com a mão a tremer, abriu-a
surpreendentemente sem qualquer esforço. Entraram lá dentro, mal sabendo eles
que a porta se iria trancar de seguida. Só ouviram o estrondo da porta a
fechar. Maria, preocupada disse:
-
Agora como é vamos voltar para casa?
O
Joaquim apavorado respondeu:
-
Não sei, mas agora temos mesmo de explorar esta casa para procurar uma saída.
Avançaram
cautelosos e, à medida que penetravam naquele espaço, o ambiente tornava-se
ainda mais assustador: salas com paredes húmidas e escuras, restos de mobílias
quebradas cobertas por um pó escuro e espesso, cortinas rasgadas que pendiam
das janelas com vidros partidos e portadas que mal se seguravam. O ar abafado
era quase irrespirável. Os aposentos pequenos e sombrios, sucediam-se numa
configuração labiríntica. Maria e Joaquim sentiam-se cada vez mais inseguros,
mas o prazer da aventura e da descoberta faziam-nos avançar, em silêncio, pela
penumbra e só o ranger das tábuas do chão, perturbava o silêncio pesado.
Chegaram a uma sala repleta de estantes com livros e ambos pensaram tratar-se
de uma biblioteca. Cautelosamente, foram retirando alguns livros e, de repente,
uma passagem secreta abriu-se atrás das prateleiras. Perceberam que estas
funcionavam como uma porta falsa de acesso a uma passagem secreta.
Empurraram-na e quando se abriu, viram um pequeno corredor escuro e bafiento
que servia de patamar a um lanço de escadas de acesso a uma cave.
Os dois resolveram entrar e, segurando
firmemente as lanternas, desceram os degraus que rangiam a cada passo e o suspense aumentava…
Lá
em baixo, caixas e mais caixas de madeira amontoavam-se desordenadamente, por
entre cadeiras com pernas partidas, quadros pesados encostados a paredes e baús
antigos como aqueles que havia no sótão da casa dos avós. Por entre o amontoado
de velharias, um objecto relativamente grande destacava-se dos outros. Estava
coberto com um pano pesado e espantosamente limpo, sem vestígios de pó. À sua
volta o pavimento apresentava igualmente um aspeto diferente e eram visíveis
marcas de sapatos. Os dois irmãos imediatamente apontaram as lanternas para o
chão e, agora sim, eram nítidas várias pegadas que continuavam pelas escadas.
Que mistério seria aquele? Alguém tinha lá estado recentemente antes deles…
_
Que fazemos? – perguntou, assustada, a
Maria.
-
Acho que alguma coisa importante está ali guardada – acrescentou o Joaquim.
Curiosos,
retiraram a coberta e, para surpresa de ambos, encontraram a Custódia de Belém
,um objeto valioso português de ouro e esmalte datado de 1506 ,cuja
autoria é atribuída a Gil Vicente e considerada a obra-prima da ourivesaria
portuguesa. Foi encomendada pelo rei D. Manuel I de Portugal para a Capela
Real. Joaquim e Maria pegaram na custódia e decidiram levá-la para o museu mais
próximo. Seguiram as pegadas e encontraram uma porta aberta e conseguiram sair
da casa abandonada.
Dirigiram-se ao museu mais próximo e entregaram a custódia ao diretor.
Como recompensa o ministro da cultura resolveu oferecer-lhes uma
fantástica viagem à cidade de Belém , onde nasceu Jesus Cristo.
Trabalho realizado pelas turmas do 5º Ano